Combater a discriminação e o assédio no ensino superior

Infelizmente, a discriminação e o assédio continuam sendo uma realidade no ensino superior francês. Racismo, homofobia, capacitismo, sexismo... as instituições ainda lutam para prevenir eficazmente essas formas de violência, que têm um impacto significativo no progresso acadêmico das vítimas. Embora existam mecanismos como grupos de apoio e seções disciplinares, eles são falhos e frequentemente ignorados pelos alunos. Portanto, reformas fundamentais são necessárias para prevenir melhor essa discriminação, apoiar melhor as vítimas e punir com firmeza os perpetradores dessa violência.
Resumo :
1- Situação atual da discriminação e do assédio
2- Sistemas de prevenção e combate existentes
3- Recomendações para reforçar o combate
Situação atual da discriminação e do assédio
As principais formas de discriminação
A discriminação pode assumir muitas formas no ensino superior:
- Discriminação racial, que se manifesta no tratamento desfavorável de certas origens. Por exemplo, candidatos de origem norte-africana têm 12% menos probabilidade de receber uma resposta à sua candidatura ao mestrado.
- Discriminação contra pessoas com deficiência, apesar das leis de acessibilidade. Estudantes com deficiência representam apenas 2,2% do corpo estudantil.
- A discriminação sexual e de gênero, que inclui sexismo, violência sexual e LGBTfobia, se manifesta em comentários ofensivos, tratamento desigual e até agressão.
- Discriminação ligada a opiniões políticas, aparência física, crenças religiosas, atividades sindicais ou mesmo origem social desfavorecida.
Todas essas formas de discriminação comprometem a igualdade de oportunidades e prejudicam a carreira de muitos estudantes. Elas exigem ações ativas por meio de prevenção, mecanismos eficazes de denúncia e sanções disciplinares dissuasivas.
A extensão do assédio sexual e moral
De acordo com o último barômetro do Observatório Estudantil de Violência Sexual e Sexista no Ensino Superior, quase um em cada 20 estudantes relata ter sido vítima de assédio sexual, e um em cada 10 relata ter testemunhado a prática. Essa violência persiste tanto em eventos festivos quanto na vida cotidiana no campus.
As consequências para as vítimas são graves. Além do trauma psicológico, elas frequentemente temem que uma denúncia prejudique seus estudos ou as obrigue a mudar de curso. Além disso, o custo dos processos criminais é um impedimento para estudantes com renda modesta. Como resultado, poucos ousam tomar essas medidas, e os agressores agem com quase impunidade.
As consequências para as vítimas
A violência sexista e sexual sofrida durante a vida universitária deixa cicatrizes profundas e duradouras nas vítimas. O impacto psicológico imediato é significativo. Perda de autoconfiança, sentimentos de vergonha e culpa, depressão e transtornos de ansiedade são sintomas comuns que prejudicam a vida cotidiana e o desempenho acadêmico.
A longo prazo, esses traumas têm um impacto significativo na escolaridade. Dificuldade de concentração, absenteísmo e notas baixas são comuns e podem até levar à evasão escolar. Algumas vítimas são forçadas a mudar de direção ou interromper os estudos. O assédio sexual, portanto, destrói carreiras promissoras e limita a igualdade de oportunidades.
As repercussões frequentemente se estendem ao nível profissional. Trajetórias de carreira interrompidas ou mesmo interrompidas dificultam o emprego. A falta de confiança e o estresse pós-traumático também podem complicar o desenvolvimento profissional. Esse impacto a longo prazo nas perspectivas de carreira é um grande prejuízo para as vítimas.
Sendo uma verdadeira questão de saúde pública, o combate à VSG na universidade deve ser intensificado, com melhor atendimento às vítimas. Apoio psicológico adequado, auxílio na continuidade dos estudos e adaptação são essenciais para mitigar as graves consequências dessa violência na vida.
Medidas de prevenção e controle existentes
Células de escuta e relatório
Unidades de escuta e denúncia desempenham um papel central no combate à discriminação e ao assédio no ensino superior. Elas oferecem às vítimas e testemunhas um espaço seguro para se manifestarem e serem encaminhadas para as medidas cabíveis. Compostas por profissionais treinados em escuta e apoio, elas costumam ser o primeiro passo para quebrar o silêncio.
No entanto, sua eficácia pode ser limitada se não fizerem parte de uma política institucional abrangente e proativa. A falta de recursos, procedimentos de denúncia pouco claros ou a coordenação deficiente com os serviços disciplinares e judiciais são armadilhas que reduzem seu impacto. As unidades, sozinhas, não conseguem lidar com todas as situações.
Apesar dessas limitações, as unidades de escuta continuam essenciais. Apoiadas por outras iniciativas, como prevenção, treinamento ou procedimentos disciplinares responsivos, elas ajudam a liberar a expressão e a criar um ambiente de aprendizagem mais seguro. Desempenham um papel fundamental entre as vítimas e a instituição e contribuem para a evolução gradual de atitudes. Sua ampla adoção em todas as instituições é um forte sinal da prioridade dada a essas questões cruciais.
Treinamento de conscientização
Vários tipos de treinamento são oferecidos para conscientizar alunos e funcionários sobre questões de discriminação e assédio:
- Módulos obrigatórios integrados aos currículos estudantis abordam os conceitos de consentimento, comportamento sexista, violência sexual e possíveis recursos. Exercícios de dramatização proporcionam conscientização concreta.
- Oficinas pontuais lideradas por associações especializadas, abertas a todos mediante inscrição. Jogos de dramatização, relatos pessoais e discussões ajudam a compreender esses fenômenos e a responder adequadamente.
- Sessões para supervisores e professores para melhor identificar, ouvir e orientar as vítimas. A ênfase é colocada no acolhimento dos alunos e no respeito às suas vozes.
- Campanhas informativas com cartazes, guias e eventos que destacam a lei, contatos úteis e sistemas de apoio. O objetivo é incentivar o diálogo e mudar atitudes.
Procedimentos disciplinares
As instituições de ensino superior têm a obrigação legal de implementar procedimentos disciplinares para lidar com comportamentos discriminatórios e de assédio. De acordo com o Código de Educação, uma unidade disciplinar deve ser estabelecida em cada universidade para investigar a má conduta de alunos e funcionários.
No entanto, o funcionamento atual dessas seções disciplinares apresenta inúmeras falhas que limitam sua eficácia. O procedimento nem sempre é acessível às vítimas, a composição das seções pode carecer de imparcialidade e as sanções impostas são, por vezes, excessivamente brandas em relação aos danos sofridos.
Apesar dessas limitações, esses procedimentos disciplinares continuam sendo uma ferramenta regulatória essencial dentro das instituições. Apoiados por mecanismos de denúncia, apoio às vítimas e prevenção, eles ajudam a criar um ambiente de estudo e trabalho mais seguro e igualitário para todos. Aprimorá-los é uma prioridade para fortalecer o combate a todas as formas de violência e discriminação no ensino superior.
Recomendações para fortalecer a luta
Melhore os relatórios e o suporte
Apesar dos mecanismos existentes, denunciar violência sexual e de gênero continua sendo um processo desafiador para vítimas no ensino superior. O medo de represálias durante os estudos, a falta de conhecimento dos procedimentos e a falta de acessibilidade ainda desencorajam muitos estudantes a denunciar esse tipo de violência.
Para superar esses obstáculos, é essencial conscientizar as unidades de escuta por meio de campanhas informativas regulares e massivas destinadas aos estudantes. A capacitação dos funcionários também deve ser ampla, a fim de garantir um acolhimento acolhedor e um apoio de qualidade às vítimas, desde a divulgação dos fatos até a apresentação da denúncia.
O tratamento de denúncias também se beneficiaria de melhorias, esclarecendo a relação entre procedimentos disciplinares internos e processos criminais. A proteção das vítimas deve ser a principal prioridade, com medidas preventivas rápidas tomadas para afastar os envolvidos.
Por fim, o apoio psicológico de longo prazo às vítimas, mesmo sem queixa, é crucial. Romper o silêncio é o primeiro passo; reconstruir as vítimas a longo prazo deve ser o compromisso duradouro das instituições.
Fortalecer a prevenção e a conscientização
Para combater eficazmente a discriminação e o assédio, é essencial focar na prevenção por meio de iniciativas de conscientização inovadoras e impactantes. Campanhas impactantes, baseadas em depoimentos impactantes de vítimas, aumentariam a conscientização sobre a gravidade dessa violência.
A ampla implementação de treinamento obrigatório para todos os alunos, desde o primeiro ano, também parece essencial. Utilizando cenários da vida real e dramatizações imersivas, esses módulos ajudariam os jovens a compreender melhor os mecanismos da violência de gênero e a adotar as atitudes corretas, sejam eles vítimas ou testemunhas. Envolver os próprios alunos na concepção e na execução desses cursos de treinamento fortaleceria seu impacto.
Reforçar as sanções
As sanções disciplinares atuais para assédio ou discriminação no ensino superior muitas vezes carecem de firmeza e são aplicadas de forma muito desleixada. Essa relativa impunidade não impede efetivamente o comportamento abusivo e não proporciona uma reparação justa às vítimas.
Sanções mais severas são necessárias para demonstrar claramente a rejeição da instituição a essa violência. Uma vez comprovado o assédio, os autores devem ser sistematicamente punidos com suspensão temporária ou permanente. Para os funcionários, a demissão deve ser aplicada nos casos mais graves. Somente uma política disciplinar firme e consistente reduzirá essa violência de forma sustentável.
Envolva toda a comunidade
O combate à discriminação e ao assédio no ensino superior não pode ser eficaz sem o forte envolvimento de toda a comunidade universitária. Estudantes, docentes e administrativos, bem como as equipes de gestão, têm um papel fundamental a desempenhar na promoção de mudanças duradouras em atitudes e práticas.
Uma primeira alavanca essencial para a ação é a conscientização em massa entre os estudantes, desde o momento em que ingressam na universidade. Módulos obrigatórios sobre violência de gênero, consentimento e possível recurso em casos de assédio aumentariam a conscientização sobre comportamentos problemáticos. Ao envolver os próprios estudantes na concepção e na execução desses cursos de formação, especialmente por meio de associações estudantis, seu impacto seria ainda mais fortalecido.
Do lado da equipe, é crucial treinar supervisores e professores para identificar situações problemáticas, ouvir atentamente as vítimas e encaminhá-las aos serviços de apoio. Vigilância constante e comportamento exemplar e inabalável da equipe são essenciais para quebrar o código de silêncio.
Por fim, o compromisso forte e visível das equipes de gestão é um sinal essencial. Por meio de posicionamentos públicos, da criação de unidades de escuta independentes e de procedimentos disciplinares responsivos, elas transmitem a mensagem de tolerância zero a esse tipo de violência. Uma política proativa da instituição, envolvendo toda a comunidade, é fundamental para garantir que a universidade continue sendo o espaço de emancipação e autodesenvolvimento que deveria ser para todos.
O combate à discriminação e ao assédio no ensino superior exige a mobilização de toda a comunidade universitária. Para prevenir eficazmente essa violência, as instituições devem realizar campanhas massivas de conscientização entre os estudantes na sua chegada, treinar seus funcionários em habilidades de identificação e escuta, e afirmar uma política proativa de tolerância zero. Processos claros de denúncia e sanções devem ser estabelecidos e comunicados para que a universidade continue sendo o espaço de emancipação e autodesenvolvimento que deve ser para todos. Ao simplificar os procedimentos de inscrição e admissão, a Emundus permite que as instituições se concentrem nessas questões cruciais de inclusão e igualdade dentro de sua comunidade.
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